quinta-feira, 17 de maio de 2012

Pequenas Pecas



Ah eu fui... Ver "Pequenas Pecas" da Cia. da Ideia, dirigido e coreografado pela minha ex-professora linda Sueli Guerra, no Teatro Municipal do Jockey. E desde já, comeco criticando a localizacao do teatro: Lugar parece abandonado! Só tem uma placa na frente indicando o local, fora isso, voce nao tem certeza se o teatro que é ali ou o estábulo. Enfim... Confesso que nao vou conseguir narrar o espetáculo todo, mas só o que me chamou atencao num senso crítico e de espectador. Vamos lá...

Sentei já num local com uma visao total do palco: Duas mulheres sentadas em oposicao nos extremos opostos do proscenio do palco; um linoleo com estampa de ladrinho antigo, cadeiras distribuidas aos lados (Duas bailarina estavam sentadas numa das cadeiras a esquerda), um bailarino quase no meio, sapatos espalhados ao fundo, uma penteadeira ao fundo na esquerda e uma vara com roupas no meio-fundo. Assim comecou o espetáculo... 

A primeira cena foi marcada com o bailarino pegando um sapato e equilibrando-o na cabeca, tudo de forma lenta. Depois ele recolhia todos os sapatos jogados e enfileirava-os simetricamente no fundo do palco todo, ainda equilibrando o sapato, num movimento de costura subindo e descendo, agonizantdo e fazendo um "vai cair vai cair..." na cabeca de todos. Em seguida, as bailarinas aos poucos recolheram os sapatos enquanto um delas ditava um texto de Clarice Linspector (<3). Acompanhada de uma música que criava um atmosfera mais e mais desesperadora, ela ditou até todos a interromperem jogando os sapatos agressivamente aos seus pés. Surgiu entao um quarteto com uma coreografias muito interessante de pesquisa e que mostrava movimentacoes simbolicas a situacoes do dia a dia. 

O espetáculo ia se envolvendo numa especie de historia de amor, atracao e cotidiano (baseado nos contos de Linspector ), onde o único homem se envolve com a bailarina mais velha (Sueli, no caso) e a de cabelos cacheados preto (Carolina Maria). Ocorriam assim, diversas horas um "solo de relato", quando um bailarino ia ao proscenio e narrava mais um texto sobre o cotidiano. Sueli tirou boas risadas da plateia num dos relatos quando ela falava do "homem perfeito".

Entre diversas cenas, a que mais me intrigou (creio que nao só a mim, mas a todos, só que no meu caso por motivo com certeza diferente) foi a questao da cena de "nudez". Numa ocasiao, quando o bailarino estava fazendo um solo, tres das cinco bailarinas trocaram de roupa e ficaram só de saia e de seios de fora. Ai me veio a questao de aquilo ser peito-de-fora por: varias pecas terem nudez agora ou por se peito-de-fora por peito-de-fora ou se eu nao entendi a proposta. Quando eu vejo uma bailarina nao confortavel com aquilo, acho que o espetaculo sai um pouco do seu encanto. Depois, acho que peito-de-fora nao expressa liberdade nenhuma da mulher quando nao vejo a igualdade de pinto-de-fora no palco. Tirando isso, gostei muito da movimentacao cenica que se seguiu com variacoes de plano e a exploracao dos movimentos de liberacao de quadril.

Outra cena marcante foi o solo da menina de cachos preto, com uma movimentacao deliciosa de se assistir, mas com o pecado da falta de projecao e da eloquencia ter deixado a desejar na hora de falar o texto.dela. O duo com o rapaz em seguida me deixou mais maravilhado pela seguranca e um cuidado técnico e equilibro inegualaveis do casal. Rolou uma sintonia muito bom e um jogo de movimento muito surpreendente.

Cena mais emocionante foi o "solo materno", quando colocaram uma gravacao (que identifiquei logo que era um conversa da Sueli com seu filho Antonio) enquanto ela solava com movimentos tao simbolicamente materno que fez eu até esquecer um pouco da peca e pensar nas relacoes maternas.

Ao final, para a minha pseudo-surpresa (porque eu sabia que aconteceria, só nao esperava como), uma menina sai da pláteia (que logo identifiquei que era Flora Bulcao) e entra no espetáculo fazendo uma coreografia com o grupo. Ele estaria alí representando algo diferente na cena, pois estavam falando de coisas negativas do cotidiano e ela veio com coisas positivas. Já amei o fato de ela sair da platéia, já que eu adoro essa interacao interprete-platéia, mas me deixou muito a desejar porque ela nao entrou (e dificilmente entraria) com uma energia completamente diferente dos outros atores. Acho que isso quebrou um pouco a parte artística como um todo.

A coreografia com o texto final foi muito divertido, porque fazia a platéia tentar pescar o que cada um dizia e levava a gente a questionar-se sobre as mesmas coisas que os bailarinos.

Concluindo: Só o fato de ver bailarinos falando já me deixa muito feliz. O cenário, figurino e jogos cénicos foram muito bons. Buscar Clarice Linspector na danca também foi o toque de encanto que faltava. Em geral, o espetáculo foi amável e recomendo para todos (se voltar em cartaz). Espero ver mais trabalhos da Cia., porque é babado...

terça-feira, 15 de maio de 2012

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Ah eu fui ... fazer um blog para por críticas a diversas coisas que assisto e que crio uma opiniao que ficam encubadas lá dentro do meu coracao e que quero por para fora. Entao, é basicamente isso. Vou falar de pecas de teatro, espetaculos de danca, festas, musicias e tudo que eu for e tiver uma opiniao critica sobre... é isso.